quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Papo de aluno com André Luís Pitombeira


Sou o André Luís Pitombeira, sou natural de Russas-CE e tenho 25 anos. Graduado em Sistemas de Informação pela UFC/Quixadá. Fiz parte da primeira turma de Sistemas de Informação do campus, que teve início em 2007.2 e colei grau em 2011.1.

Atualmente trabalho como desenvolvedor de software no Laboratório de Sistemas e Banco de Dados(lsbd), que é um laboratório de pesquisa e desenvolvimento de software vinculado ao Departamento de Computação da UFC. Desenvolvemos aplicativos para dispositivos móveis(iOS e Android) e backends em flex + .net ou flex + rails. Adotamos o scrum como metodologia de desenvolvimento. No laboratório temos vários projetos que são desenvolvidos simultaneamente. Temos equipes pequenas que são compostas de clts e estagiários, sendo que cada equipe fica alocada em um projeto. Os membros das equipes são normalmente multifuncionais, pois atuam, tanto na especificação e análise, como no desenvolvimento do software. 

No início quando cheguei no laboratório fiquei um pouco apático. Primeiro, porque não esperava ter que programar, pois não tinha muita experiência e nem sabia direito. Mas mesmo assim tive que aprender rails e flex para poder atuar nos projetos. Segundo, porque o pessoal que trabalhava lá era na sua grande maioria alunos ou ex-alunos da computação. Era um grupo que já se conhecia há bastante tempo e que de certa forma era meio fechado, daí tive dificuldades de me enturmar. Mas aos poucos fui ganhando a amizade dos meninos e consegui me enturmar =).

No entanto, a maior dificuldade que tive foi ter que programar. Era um aluno mediano nas cadeiras de programação, sempre conseguia fazer os trabalhos e ia relativamente bem nas provas. Mas na hora de programar profissionalmente a coisa era diferente. Parecia que não sabia de absolutamente nada e não conseguia fazer as coisas direito. Já estava desesperado(pensei até em mudar de profissão), mas ai tive um pouco de calma e comecei a trabalhar minhas limitações. Em primeiro lugar, fiz uma lista das minhas limitações e dáquilo que precisava aprender(a lista ficou enorme). Após isto, juntei um material para estudar e comecei a estudar todas as noites e nos fins de semana. Fui lendo livros técnicos e exercitando bastante. Uma coisa que me ajudou muito foi baixar o código de alguns projetos open source. Ás vezes eu passava a noite inteira só estudando o código e tentando entendê-lo. E, foi ai que comecei a perceber que programar não era uma coisa tão complicada assim, na verdade era só uma questão de prática. 

Não obstante, se pudesse voltar no tempo e fazer a faculdade novamente teria me dedicado mais nas disciplinas, sobretudo, áquelas mais teóricas. Ás vezes nos enganamos e achamos que o curso deve ensinar áquilo que o mercado está pedindo, mas nos esquecemos que as tecnologias mudam com muita velocidade. Áquilo que é usado hoje, pode não ser mais usado amanhã, como por exemplo o java, que está perdendo mercado para o ruby. Então, o curso deve prover as habilidades necessárias para que possamos enfrentar esse novos desafios, através da nossa capacidade de raciocínio e de abstração, que são essenciais para desenvolver software e não no aprendizado de tecnologias, que são específicas para determinados contextos e muito voláteis.

Gostaria muito, mas muito mesmo de ter estagiado mais, pois o estágio tem um papel importantíssimo na nossa formação como profissional, pois é no estágio que ganhamos nossa primeira experiência de trabalho e se você não tiver experiência, muito dificilmente você vai arrumar emprego, mesmo você tendo sido um bom aluno
Deveria ter me dedicado mais no curso de inglês. Até sair da faculdade não tinha noção do quanto o inglês é importante. Achava que saber ler bem e escrever comentários seria o suficiente, mas fui cobrado para ser fluente, pois trabalhei em um projeto em que precisava me comunicar com um pessoal da holanda com frequência através de emails e skype.

Durante a graduação fiz mobilidade acadêmica, que foi bem interessante, pois vi como funcionava as coisas aqui em Fortaleza e tive a oportunidade de estabelecer novos contatos. Um destes contatos foi o professor que é chefe do laboratório que trabalho. Tive a oportunidade de conhecer o GREAT, que é um grupo de pesquisa bem estabelecido, no qual vários professores do nosso curso fazem parte.

O nosso campus por ser pequeno tem um grande diferencial. Esse diferencial é a oportunidade que temos de acesso aos professores, que considero um dos pontos mais positivos da minha formação. Graças a essa proximidade conheci com mais profundidade as diferentes áreas que os professores trabalhavam(lógica, eng. de software, redes, etc), que foi essencial para descobrir o que gosto e pretendo trabalhar no mestrado; discuti assuntos técnicos(essencial para amadurecer o senso crítico) e recebi muitos conselhos que estão sendo fundamentais na minha vida profissional. Sou muito grato a todos por isso.

Para os alunos que estão na graduação tenho algumas dicas:
- Não se apeguem a Sistema Operacional. Dependendo do que vocês vão trabalhar o S.O pode mudar. 
- Não se apeguem a linguagem de programação. Mas seja pelo menos muito bom em uma.
- Se você pretende ser tester é importante que tenha boa experiência nisso(faça um estágio focado em teste).
- Tentem fazer estágio fora da faculdade. O nível de cobrança é bem mais profissional.
- Tenham uma boa base de controle de versão(svn e git)
- Certificações não garantem emprego, mas são um bom diferencial.
- Estudem muito inglês. Inglês é essencial!!
- Façam parte de alguma lista de discussão técnica.
- Entrem em algum projeto open source.
- Participem de cursos, congresos e seminários não apenas pelas horas extras, mas para está atualizado com as novas tendências e estabelecer o networking.

O networking é extremamente importante para arrumar emprego. A maioria das empresas contratam por indicação, então ter uma boa base de contatos é essencial na hora de procurar emprego.

Fortaleza está com uma demanda muito alta de profissionais de TI, a maioria das empresas estão contratando. A grande maioria das vagas são para desenvolvedores que trabalham com as tecnologias: java, .net, rails e android; mas as mais remuneradas são para os desenvolvedores de iOS e c++. Ultimamente houve uma demanda enorme por tester, que tem se apresentado como um mercado em expansão e carece de profissionais qualificados. As empresas estão pagando normalmente para os profissionais recém formados salários entre 2.000 e 3.000 mais benefícios(vale alimentação e plano de saúde).
Enfim, era isso que tinha pra dizer. Me desculpem se foquei muito no desenvolvimento de software, mas é área que conheço e trabalho, então se fugisse dessa linha não teria muita propriedade para falar. Espero que possa ter contribuído em alguma coisa para vocês. 

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