quinta-feira, 7 de março de 2013

Papo de Aluno com Pedro Teixeira de Araújo do curso de Ciências da Computação (Sede Fortaleza)


Meu nome é Pedro Teixeira de Araujo e sou estudante do curso de ciência da computação pela Universidade Federal do Ceará. Sou natural de Fortaleza, e atualmente estou morando na cidade de Sudbury, localizada no Canadá. Cursei computação na UFC até o meu sétimo semestre. Minhas expectativas para minha vida acadêmica eram bem diferentes da realidade. Quando entrei na universidade, pensava que iria estudar bem menos do que estudava no ensino médio, mas acabei tendo que estudar pelo menos três vezes mais para conseguir passar em todas as cadeiras do primeiro semestre, o curso de computação se mostrou bem mais difícil do que eu estava esperando. 

Desde que entrei na universidade, tinha o sonho de fazer um intercambio em outro país, mas, por não ter um desempenho acadêmico exemplar, acabei deixando esse sonho um pouco de lado. Todos os editais de intercambio exigiam altos índices de rendimento acadêmico e tolerância zero quanto a reprovações. Quando estava cursando meu sexto semestre, foi aberto o primeiro edital para o programa ciência sem fronteiras, onde eu vi que conseguiria preencher todos os requerimentos e fiz a minha inscrição para o programa, meio sem esperança, mas só para ver no que iria dar.  Para minha surpresa e de muitos outros, fui o único selecionado naquele semestre para partir para a próxima fase do programa, mas por causa da minha nota no TOEFL, não consegui passar na segunda fase. Mas eu sou brasileiro e num desisto tão fácil... 

Depois de não ter passado na primeira fase, lembro-me de muitos amigos brincando pelo fato de eu ter tido coragem de aplicar para o programa com meu rendimento acadêmico, mas nunca liguei muito para o que falavam, até porque os métodos de avaliação não dizem absolutamente nada sobre o que eu sei ou sobre o que eu sou. Foi então que foi aberto o edital para o Canadá, onde a nota do TOEFL exigida era mais baixa. Apliquei novamente para o programa e dessa vez fui aceito pela Laurentian University of Sudbury, uma excelente universidade localizada ao norte da província de Ontário, que me ofertou um curso de inglês antes de começar a estudar na universidade. Estudei inglês por 4 meses, e após fazer uma prova de proficiência novamente, pude começar a estudar na universidade.


Estudantes Internacionais de Inglês

Atualmente, estou no meu primeiro semestre cursando as aulas de computação. As aulas aqui são bastante diferentes do estilo do Brasil, temos poucas aulas e os professores passam exercícios praticamente toda semana, o que mantém os alunos estudando todo o tempo, independente de prova ou não. E esses exercícios valem uma boa porcentagem da nota final, o que faz os alunos entregar todos os exercícios. Esse foi um ponto que demorei bastante para me acostumar, pois toda semana tinha pelo menos 2 ou 3 trabalhos para entregar, o que mantém realmente muito ocupado com a universidade. O frio também foi um grande problema no inicio, pois essa cidade tem temperaturas muito baixas durante o inverno, e muito comuns você acordar e a temperatura estar a -20 graus Celsius, o que no começo foi um grande desafio pra mim, pois não estava atento a alguns detalhes que um frio extremo traz, como por exemplo, o cabelo, orelha e nariz congelados. Mas depois de certo tempo, isso se tornou muito comum para mim, e tudo uma questão de adaptação. 

Um grande diferencial aqui é o calendário unificado, no inicio das cadeiras, os professores marcam as provas de acordo com as outras cadeiras do curso, de modo que não tenham muitas provas no mesmo dia, e entregam um documento explicando exatamente como vão ser feitas as avaliações, quando serão feitas, a porcentagem de cada avaliação que será feita, entre outros. A estrutura física da universidade é exemplar e eles mantêm poucos alunos por sala de aula. Dentre os meus cursos de computação, não tenho mais que 20 alunos por turma, o que facilita bastante o contato com o professor para tirar duvidas ou para pedir alguma explicação. Os alunos do curso, assim como muitos canadenses em geral, são muito prestativos, sempre perguntam se estou precisando de ajuda e se mostram dispostos a ajudar no que for preciso.

O ensino que tive no Brasil me foi bastante útil, o curso de computação da UFC não deixa nada a desejar quanto ao que estou vendo aqui, mas uma grande diferença que vejo e o foco que e dado ao curso: No Brasil, os professores focam mais os aspectos matemáticos, deixando para os alunos a tarefa de aprender as tecnologias que estão sendo usadas atualmente, já aqui, eles focam bastantes tecnologias e incentivam bastante os estágios, existe ate a opção do aluno prolongar o curso para 5 anos, ao fazer menos cadeiras e estagiar ao mesmo tempo desde o segundo semestre.

Em minha opinião, o curso de computação da UFC se mostrou muito bem, quando comparado no cenário internacional. Eu acho que a ideia do calendário unificado, levando em consideração todas as cadeiras do curso seria uma boa ideia para ser usado no Brasil, assim como o foco em tecnologias utilizadas no mercado, o que realmente ajuda na formação dos alunos que não querem seguir o meio acadêmico.  
Até agora, esse intercambio tem se mostrado bastante enriquecedor para mim, tive a oportunidade de conhecer pessoas de todas as partes do mundo, pois o Canadá é um pais extremamente multicultural, aqui tem gente de toda parte do mundo. O que foi bastante interessante para mim, e que nessa universidade eles receberam 42 brasileiros, tem gente de toda parte do Brasil, alunos de quase todos os estados, e ta sendo bem legal porque estou conhecendo muito sobre o Brasil também.  


Brasileiros na semana internacional



Bom, para quem esta querendo fazer um intercambio, o meu conselho e: Não desista, não ligue para o que as outras pessoas falam, siga tentando ate que um dia vai da certo! Tente manter um bom índice acadêmico e aprenda uma língua o mais rápido possível, pois as oportunidades vão aparecer. E se tiver em dúvida de qual pais você vai escolher, venha para o Canada, esse pais merece a fama que tem de um dos melhores para se morar: pessoas aqui são extremamente educadas e se importam com os outros, e um pais gigante, que dá a oportunidade para muitos estrangeiros.


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